Romance erótico
Ele fechou os olhos, quando tornou a abri-los, havia uma profunda tristeza neles.
— Eu preciso ir, Mandy — disse com a voz terna. — Meu voo parte agora pela manhã, estão me esperando em Nova York.
Ela não disse nada, apenas assentiu com a cabeça. Ele se levantou e começou a se vestir.
— Você não vem? — perguntou, vendo que ela continuava deitada.
— Meu voo parte à tarde. Vou ficar e dormir um pouco.
— Quer que mande um carro vir buscá-la?
— É melhor não.
Ele terminou de se vestir e ficou de pé ao lado da cama, contemplando-a. Sentou-se na beirada, inclinando-se para beijá-la. Olhou-a longamente uma última vez, antes de se levantar e sair, sem olhar para trás.
Depois que ele saiu, ela afundou o rosto no travesseiro e chorou, o corpo sacudido pelos soluços, os braços apertados em volta do travesseiro em que ele havia estado deitado, sentindo o seu perfume.
O seu calor
Eles passariam a noite de núpcias ali.
Em vez disso, naquele lugar agora estranhamente irreal, Laila havia sofrido um choque tão grande que a impediu de se casar com ele e que a manteria confinada em uma clínica psiquiátrica pelos próximos dias.
Ele estendeu o braço e acendeu as luzes, inundando o quarto com a claridade ofuscante.
O vestido de noiva continuava no mesmo lugar, parecendo um monte de trapo de rendas e brilhantes.
Foi até lá e juntou o vestido desfigurado. Por baixo, no chão acarpetado, estava um display digital e um bilhete.
Enquanto lia o bilhete, um sentimento perturbador formou-se dentro dele. Apanhou o aparelho e ligou.
A tela se acendeu, a cena que havia destruído o dia do seu casamento rodando diante dos seus olhos.
Esse era o seu segredo agora.
Ela tinha ido a uma festa. Era a primeira vez que ia a uma festa sozinha, desde que tinha ido morar com o meio-irmão.
A casa estava cheia de convidados. Ela teve a sensação de passar a noite toda segurando uma taça de champanhe.
Por volta da meia-noite, quando a festa atingia o ápice da animação, Karina, uma das hostess, segurou Tiffany pelo braço, conduzindo-a pela casa.
Elas subiram as escadas até o segundo andar e no final de um longo corredor, entraram no que parecia o hall de uma suíte de hotel.
Tiffany estava ligeiramente tonta pelo excesso de champanhe.
Karina entregou-lhe uma máscara preta e gentilmente empurrou-a até a porta, inserindo uma chave na fechadura, dizendo antes de abrir:
— Quando eu abrir esta porta, você será transportado para um mundo totalmente novo, onde poucos são os escolhidos. Esta noite você foi a escolhida.
Karina girou a chave e abriu a porta. Lá dentro, homens mascarados, em vários estágios de nudez.
Atordoada, Tiffany deixou-se levar para o centro da sala, onde foi cercada por quatro homens sem camisa, com calças pretas de alfaiataria e gravata borboleta.
Ele estava sozinho no apartamento.
Era final de junho e havia no ar quente da noite a ameaça de temporal, raios cortavam o céu à distância.
Havia se reunido com um grupo de arquitetos e como o jantar terminou tarde, ele resolveu voltar para o seu apartamento.
Mandy passava algumas noites lá, mas na manhã seguinte teria uma apresentação importante e precisava estudar a campanha.
Ele serviu uma dose de uísque e ficou de pé diante da janela do estúdio, vendo as nuvens escuras se aproximarem pelo céu noturno.
Quando a chuva finalmente desabou sobre a cidade, densa como um véu cinzento, às onze horas, ele ainda estava no estúdio, de camisa e gravata.
Ficou vendo a chuva torrencial turbilhonar no espaço vazio e se afunilar lá embaixo, gotas trazidas pelo vento batendo contra o vidro e se desfazendo em milhares de gotículas.
Logo após um raio riscar o céu, iluminando-o por uma fração de segundo, a campainha da porta soou.
Maldizendo a pessoa que batia à porta de alguém àquela hora, ele foi abrir.
Era a última pessoa que esperava ver.
Laila estava parada à sua frente, ensopada, o cabelo pingando água da chuva no carpete do corredor, as roupas coladas no corpo.
— Não me mande embora, por favor — pediu.
Havia uma mancha vermelha em sua face esquerda.
— Claro que não — Ele afastou-se para o lado para dar-lhe passagem.
Levou-a para a biblioteca, entregando-lhe toalhas e um roupão. Deixou-a sozinha por alguns instantes para ela poder se trocar. Quando voltou, encontrou-a sentada numa poltrona, ainda vestida, embrulhada numa toalha.
Ele serviu um conhaque e entregou-lhe o copo. Laila engoliu a bebida devagar, os olhos fixos em algum ponto distante.
— Quer me contar o que houve? — perguntou, sentando-se em frente.
Despertada do torpor, ela fitou-o com raiva.
— A culpa é sua.
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